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CAMINHADA, INSPIRAÇÃO E PERSISTÊNCIA – SOMOS ÚNICOS

Olá queridos amigos! Antes de mais nada, sejam todos muito bem-vindos ao “Fala, concurseiro!” Sim, ele é todo nosso. É bom demais tê-los por aqui. Não imaginam como fico feliz! Agradeço, de antemão, a honra da leitura do presente texto, o primeiro de vários que, espero, possam contribuir na caminhada daqueles que almejam a aprovação nos certames das carreiras jurídicas.

O meu nome é Maurício Ferreira Cunha e sou Juiz de Direito junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, titular de uma Vara de Juizados Especiais, na linda Poços de Caldas. Sou, também, mestre e doutor em Direito Processual, tendo iniciado, no ano de 2019, um estágio de pesquisa pós-doutoral.

Escolhi, para o nosso contato inicial, falar, de forma bem direta, sobre preparação para os concursos, não sobre a forma exata, correta, perfeita, unicamente adequada de nos organizarmos, até porque elas não existem, mas, sim, sobre tudo aquilo que, possivelmente, impacta, positiva e negativamente, quando iniciamos a trajetória para a concretização dos nossos sonhos.

Aliás, costumo dizer que os nossos sonhos funcionam como verdadeiras molas propulsoras, pois nos impulsionam em busca das realizações que tanto idealizamos. Para que sejam concretizados, porém, há que se ter dedicação, renúncia, suor, fé e, acima de tudo, sensibilidade para identificar os principais pontos deficientes e corrigi-los, bem como para aprimorar, ainda mais, aqueles pontos que com os quais temos maior familiaridade. Sim, porque preparação é isso!

Os amigos podem perguntar: mas, Maurício, há algum método infalível, alguma fórmula mágica para a aprovação? A resposta, ainda que pareça clichê, é negativa. Não há atalho, não há um único e inquestionável “modus operandi”.

Pois bem. Então, como tentar encontrar a melhor maneira, aquela que melhor se adapte à realidade que enfrento? O que devo fazer para que o estudo seja claro, objetivo, direcionado para o que interessa, e, ao mesmo tempo, não represente um sobrepeso na minha vida? É o que tentaremos, humildemente, tratar ao longo das demais linhas.

O primeiro ponto a ser discutido é se, de fato, estamos prontos, se queremos seguir as metas traçadas, se queremos abdicar daquela nossa rotina diária (que, por vezes, nos acomoda), se queremos, realmente, ingressar no serviço público, “servindo”, na acepção da palavra, ao povo. É o ponto de partida, o primeiro passo sério e concreto a ser dado para proporcionar a mudança de vida que tanto queremos e que, talvez, possa implicar em dar um passo atrás, agora, se for esse o seu entendimento, para, ao final, dar dois passos à frente.

É extremamente importante questionarmos nossas intenções, desde então, pois entendo, respeitosamente, que não há que se falar em “vocação” para determinado cargo ou para determinada função, mas, sim, em dedicação constante e disciplina em busca do objetivo traçado, nada além. Particularmente, nunca acreditei no denominado “comportamento vocacional”, num chamamento interno, inclinação, tendência ou habilidade, tendo apenas acreditado, piamente, que, a partir do instante em que decidisse pelo serviço público, deveria me empenhar ao máximo, superar todas as minhas várias limitações em busca do que quisesse alcançar e que me fizesse feliz.

Idealizar não é um trabalho meramente intelectual, não passa unicamente pelo “mentalizar”. A propósito, de que adianta imaginar, vislumbrar determinada situação, se não estamos preparados para o que vem pela frente, se não estamos fazendo a nossa parte para concretizá-la. Os atos de cogitação, para usar uma expressão tipicamente do Direito Penal, possibilitam que reflitamos sobre o que virá pela frente, sobre o que queremos alcançar, mas nenhuma utilidade terão se não decidirmos sair da inércia, se não colocarmos em prática todas as nossas ideias. “Cogitar” e “concretizar” são verbos que precisam ser conjugados de forma conjunta, jamais de forma isolada.

O que quero dizer é que a nossa imaginação pode ir muito além, pode nos levar para onde quisermos, mas que, se não houver a real intenção de “vivenciar”, “experienciar” os nossos sonhos, não sairemos de lugar algum. Não há, portanto, outra forma, exceto se colocarmos a “mão na massa”.

O segundo ponto é acreditar em si, simples assim. É fundamental compreender que é perfeitamente possível alcançar nossos objetivos, que podemos chegar aonde queremos, desde que estejamos esforçados em desempenhar nossas tarefas com responsabilidade, com seriedade e, acima de tudo, com muito amor. Não consigo dissociar, de absolutamente nada que façamos, o sentimento do mais sincero amor, não consigo desvincular, daquilo que é considerado “meta de vida”, a entrega plena dos nossos sentimentos. Quando acreditamos no trabalho que estamos desempenhando, porque somos honestos, porque somos íntegros, porque nos dedicamos com afinco, ali já estamos empregando a mais linda e pura das nossas emoções.

Persistir, insistir, realizar tudo com muito amor, até fazer acontecer. É preciso fazer valer a pena.

Os amigos, porém, devem, novamente, estar perguntando: mas Maurício, eu acredito no meu potencial, só não sei o motivo pelo qual não estou obtendo os resultados que imaginei. É aqui, então, que entra a singela abordagem que faremos no próximo item.

O terceiro ponto perpassa o método que adotaremos para a consecução daquilo que faz parte do nosso planejamento. Aqui, “construção” é a palavra, tudo adequado à carga horária disponível e à realidade de cada um. Sim, pois, ao mesmo tempo em que cada um sabe, literalmente, a dor e a delícia de ser o que é, sabe, também, das suas dificuldades, das suas facilidades, dos seus prós e dos seus contras.

Neste sentido, e exemplificando, quantas e quantas vezes recebi relatos de amigos dizendo que “só” tinham 2 (duas) horas diárias para dedicação aos estudos, mas que se esforçaram em dobro para atingir suas metas e as alcançaram?

Quantas e quantas vezes alguns amigos me disseram que não estavam se adaptando a um determinado método de estudos, que não conseguiam, de forma alguma, assimilar o conteúdo da maneira como queriam, mas alteraram a metodologia inicial e foram, ao final, aprovados?

E o que eles fizeram, Maurício, como procederam? Apenas alteraram o modo de agir, adaptando-o à carga horária que tinham? Sim, pois optaram por trabalhar em cima da “construção” e da “reconstrução” dos caminhos que, inicialmente, tentaram trilhar, entendendo que nada deve ser estático, pré-definido, perpetuado, se não está dando certo, se é preciso mudar. Não nascemos prontos, não podemos admitir que existam fórmulas prontas que servirão, indistintamente, a todos. Somos moldados, ao longo da nossa existência, de acordo com as nossas convicções, de acordo com a nossa formação familiar, de acordo com as nossas percepções de vida, enfim, conforme as situações se nos apresentam.

Se o ideal, mesmo com pouco tempo de “horas líquidas” de estudo, é a leitura de lei seca todos os dias e um pouco de doutrina, está tudo certo. Se o ideal, diante de uma boa carga horária, é deixar os finais de semana para o estudo de jurisprudência, revisão e questões, também está tudo certo. Se o ideal, com uma média carga horária, é somente assistir videoaulas, nada a repreender. Se o ideal é grifar tudo que se lê e fazer, em seguida, um resumo com as próprias palavras, num antigo caderno universitário, igualmente sem nenhum problema.

Enfim, não há, certamente, um método único e insuperável. Há aquele que melhor se adaptará à realidade que tivermos, o que equivale dizer que o melhor método é o “seu” e ponto final!

O quarto ponto sobre o qual nos debruçamos é a desnecessária comparação que muitos insistem em fazer com as trajetórias de outras pessoas, seja em razão da obtenção de uma aprovação com tão pouca idade, seja em razão de um pretenso intelecto avançado, seja em razão da excelente classificação que obteve e dos títulos acumulados que tanto refletiram impulsionando a nota final.

Não há, definitivamente, motivo algum para tanto, para nos preocuparmos com o comportamento daqueles que, como nós, estão traçando suas rotas, pois cada um tem a sua própria história de vida, cada um escreverá suas linhas como devem ser escritas. Já vi e vivi histórias das mais variadas, mas nada supera a nossa própria, com os nossos vícios e com as nossas virtudes.

Comparar é a pior e a mais indesejada de todas as situações, algo inconcebível quando se quer, muito, algo. Devemos ser, sempre, nossa maior inspiração. Ou será que todos aqueles que estão se dedicando aos concursos públicos têm idênticos percalços “de” e “na” vida, as mesmas dificuldades financeiras, as mesmas facilidades de concentração quando estudam, a mesma carga horária disponível, os mesmos problemas familiares, os mesmos desafios profissionais?

Em tempos de Olimpíadas, fala-se muito de “saúde mental” dos atletas, fala-se muito da extrema dificuldade que se observa quando trabalhamos em cima de expectativas, de cobrança de resultados, não é mesmo? Trazendo tal situação para o foco do nosso texto, fato é que, quando nos comparamos com outras pessoas que também estão se dedicando aos certames públicos, damos a entender que temos, rigorosamente, idênticas situações de vida, o que não é verdade, como já afirmado.

Colheremos o que plantarmos e a colheita será farta sempre que respeitarmos nossas características, não nos cobrarmos tanto e estivermos integralmente focados na atividade que escolhermos. Costumo dizer que nada resiste a um trabalho sério e responsável, sem qualquer tipo de comparação com quem quer que seja, e apenas tendo a mais completa certeza de que devemos ser a nossa maior inspiração.

O quinto ponto é a busca de apoio naqueles que, efetivamente, sonham os nossos sonhos, mesmo que esse “alguém” seja você próprio.

Criar um ambiente de estudos que permita a tranquilidade necessária (e imprescindível) para estudar, para adequar sua rotina, apenas exemplificando, é encontrar suporte para a caminhada, ainda que isso se dê no interior do seu quarto, às portas fechadas, da sua sala de estudos, de uma biblioteca, você e seus desejos.

Ter o apoio incondicional de alguém, é claro, é combustível para que desempenhemos nossas tarefas da melhor, e mais suave, maneira possível. Tenham ao lado, portanto, pessoas que acreditem nos seus sonhos. Quando sentimos a presença de pessoas que querem o nosso bem, que querem a nossa vitória, tudo de maneira despretensiosa, nossos passos ficam mais leves, seja no esporte, seja nos concursos, seja como em qualquer situação de vida. Familiares, amigos, colegas, conhecidos, enfim, todos são importantes quando estão na mesma sintonia, na mesma vibração com aquilo que queremos. A cobrança pelos resultados, pelo desempenho, é certo, virá, mas é preciso saber lidar com todas elas, nos cercando daqueles que, quando se depararem com nosso “pedido de ajuda”, ali estarão para estender as mãos, para nos levantar e dizer “estamos juntos e vamos até o final”.

Em suma, amigos, a despeito do conteúdo das nossas simplórias ideias, se o objetivo é a aprovação nos concursos públicos, precisamos ter em mente, antes de qualquer coisa, que a escolha a ser feita implicará em muita dedicação, esforço redobrado, renúncias e resiliência, pois nem tudo acontecerá no tempo que imaginamos, mas, sim, quando tiverem que acontecer. Enquanto isso, façamos nossa parte, da maneira mais justa, correta e leal possível. O mais é o mais.

Um forte abraço a todos, fiquem com Deus e até semana que vem!

Autor

  • Juiz de Direito (TJMG)
    Estágio de pesquisa pós-doutoral (UdG - Universidade de Girona/ESP)
    Doutor em Direito Processual (PUC/Minas)
    Mestre em Direito Processual Civil (PUC/Campinas)

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Comentários

  1. Excelente texto! Estou às vésperas de prestar a segunda fase da oab. Com o sentimento de gratidão!

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